Todos os dias nas telas apareciam cenas onde multidões iam às ruas reclamar, mostrando sua insatisfação por causa do aumento das passagens. Era essa a mensagem principal. No momento que as autoridades mostravam-se fechadas para o diálogo,as vozes passaram a ecoar por essa nação escandalosamente gigante.
Os que voltavam pra casa desciam assustados dos ônibus numa tentativa vã de fugir daquilo que já estava saindo do controle.Enquanto isso, outros assistiam em casa, olhando sem compreender. Uma pergunta não queria calar: Por que continuam na rua, se já está havendo truculência por parte dos policiais enviados para controlar os manifestantes? Inquietação...
A imagem que aparecia para os espectadores era negativa para o lado da multidão que gritava. Será que queriam calar a voz de uma nação decepcionada? A verdade era bem pior: manifestantes e policiais saiam machucados.Cada um se defendia como podia. Uns reclamando, outros cumprindo ordem. O resultado dessa soma era: manifestantes e policias,vítimas desse sistema vigente.
No peito uma vozinha sussurrava: " O que realmente essa multidão está querendo dizer ?". Essa história é longa porque nela está explícita : 'o Gigante acordou!'. O que fez, ou melhor, quais foram as causas desse desrespeito com o sono alheio? A lista não tardou a ser anunciada:
- Descaso com a saúde;
- A educação na UTI;
- Repúdio para com os Partidos;
- Exigência de tratamento igual aos oferecidos à FIFA;
- Os que foram eleitos pelo povo não estão falando o mesmo idioma;
- etc, e tal.
O povo brasileiro está mostrando que quando quer ,pode e muito.Que quando maltratado em excesso o grito se faz ouvir. A prova está aí na cara de todos que não acreditavam no poder de uma nação uníssona. Povo pacato, servil, alienado.Foram tantas as alcunhas... Eram nessas mentiras que tentaram fazer o brasileiro de Euclides da Cunha, de Guimarães Rosa, acreditar.
Triste foi perceber que no meio desse povo enraivecido surgiu uma minoria que desejava apenas abusar, perturbar a ordem, invadir, vandalizar. Casas comerciais invadidas e depredadas, carros queimados, inocentes espancados ou mortos, cidadãos desrespeitados. É, mas essa voz não representa a voz do povo de coração alegre, disposto e capaz.
Os caras pintadas não estavam sós. Recebiam aplausos de gente que os observava das calçadas, das janelas dos prédios e das casas. Jovens de cãs brancas também marcaram presença,aproveitando o momento para dizer: "Eu também faço parte dessa geração sofrida". Deixaram seu recado, em alto e bom som.
Desejei estar lá. Para falar da minha insatisfação no que diz respeito a tantas coisas... E se por acaso, alguns quisessem quebrar as regras, sentaria na rua mostrando minha posição, dizendo: "Não vim destruir, mas apenas expor minhas feridas que sangram, sem esperança de cura.
Não há verbas. Nunca há verbas para coisas essenciais, indispensáveis,porém, para fazer imagem bonita para o mundo lá fora aí a conversa muda de tom. Afinal, existe o jeitinho brasileiro. Porque o que realmente importa para alguns é fazer bonito.
Queria que o povo se negasse a ir aos jogos e quaisquer eventos que terão ligação com esse descaso que estamos vivendo. Gestos difíceis para muitos. Deixar de assistir o VERDE E AMARELO no gramado? Talvez, através desse e de outros gestos o Gigante estaria se negando a compartilhar com o que há de mais desprezível nesse país. Acredito que a dor no peito seria bem menor do que essa que nos corrói todos os dias.
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