segunda-feira, 24 de junho de 2013

DORME, MAMÃE.

                                                     



Enquanto a mamãe jaz dopada,
Uma filha tudo observa, calada.
O rosto encovado, sem brilho,
Vida marcada, trancada.
Acariciando aquela que jaz
No leito... Dia após dia.
Sentindo-se incapaz,
Lamenta em agonia.

Cabelos mesclados,
Que renegam:
Pente, escova,
Cuidados e afagos.
Oh, que fardo!
Queria dizer tanta coisa,
Porém, mamãe não escuta.
Inclinando o corpo
A filha sente o cheiro
Daquela que um dia
Foi um mourão.
Beija-lhe o rosto
Marcado,
Talhado,
Encovado.
Uma, duas...
Nenhuma reação.
Três, quatro...
Um suspiro
Ouve, então.
A mamãe abre os olhos
Enevoados e sonolentos.
Pergunta:  Quem é?
- Sou eu. Estou partindo.
Responde com voz embargada.
Beijando a pele enrugada,
Sente o odor de limpeza.
Que surpresa!
Há muito mamãe foge do banho.
Que estranho?
Será a ultima vez...
Vê-la-á à mesa?
Há incerteza de um amanhã.
A mãe fica dormindo.
A filha parte ocultando,
Do mundo, seu pranto.


08/08/12

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O GIGANTE SAIU DA ZONA DE CONFORTO

                                          
       Mais protestos estão marcados para os próximos dias em centenas de cidades brasileiras. As causas vão desde o aumento nos preços das passagens de transporte público até maior investimento em educação, saúde e segurança. (AFP/Christophe Simon)

     Todos os dias nas telas apareciam cenas onde multidões iam às ruas reclamar, mostrando sua insatisfação por causa do aumento das passagens. Era essa a mensagem principal.  No momento que as autoridades mostravam-se fechadas para o diálogo,as vozes passaram a ecoar por essa nação escandalosamente gigante.
     Os  que voltavam pra casa desciam assustados dos ônibus numa tentativa vã de fugir daquilo que já estava saindo do controle.Enquanto isso, outros assistiam em casa, olhando sem compreender. Uma pergunta não queria calar: Por que  continuam na rua, se já está havendo truculência por parte dos policiais enviados para controlar os manifestantes? Inquietação...
    A imagem que aparecia para os espectadores era negativa para o lado da multidão que gritava. Será que queriam calar  a voz de uma nação decepcionada? A verdade era bem pior: manifestantes e policiais saiam machucados.Cada um se defendia como podia. Uns reclamando, outros cumprindo ordem. O resultado dessa soma era: manifestantes e policias,vítimas desse sistema vigente.
     No peito uma vozinha sussurrava:  " O que realmente essa multidão está querendo dizer ?".   Essa história é longa porque nela está explícita : 'o Gigante acordou!'. O que fez, ou melhor, quais foram as causas desse desrespeito com o sono alheio? A lista não tardou a ser anunciada:
  1. Descaso com a saúde;
  2. A educação na UTI;
  3. Repúdio para com os Partidos;
  4. Exigência de tratamento igual aos oferecidos à FIFA;
  5. Os que foram eleitos pelo povo não estão falando o mesmo idioma;
  6. etc, e tal.
    O povo brasileiro está mostrando que quando quer ,pode e muito.Que quando maltratado em excesso o grito se faz ouvir. A prova está aí na cara de todos que não acreditavam no poder de uma nação uníssona. Povo pacato, servil, alienado.Foram tantas as alcunhas... Eram nessas mentiras que tentaram fazer o brasileiro de Euclides da Cunha, de Guimarães Rosa, acreditar. 
     Triste foi perceber que no meio desse povo enraivecido surgiu uma minoria que desejava apenas abusar, perturbar a ordem, invadir, vandalizar. Casas comerciais invadidas e depredadas, carros queimados,  inocentes espancados ou mortos, cidadãos  desrespeitados. É, mas essa voz não representa a voz do povo de coração alegre, disposto e capaz.
      Os caras pintadas não estavam sós. Recebiam aplausos de gente que  os observava das calçadas, das janelas dos prédios e das casas. Jovens de cãs brancas também marcaram presença,aproveitando o momento para dizer: "Eu também faço parte dessa geração sofrida". Deixaram seu recado, em alto e bom som.
      Desejei estar lá. Para falar da minha insatisfação no que diz respeito a tantas coisas... E se por acaso, alguns quisessem  quebrar as regras, sentaria na rua mostrando minha posição, dizendo: "Não vim destruir, mas apenas expor minhas feridas  que sangram, sem esperança de cura. 
      Não há verbas. Nunca há verbas para  coisas essenciais, indispensáveis,porém, para fazer imagem bonita para o mundo lá fora aí a conversa muda de tom.   Afinal, existe o jeitinho brasileiro. Porque o que realmente importa para alguns é fazer bonito.
       Queria que  o povo se negasse a ir aos jogos e quaisquer eventos  que terão ligação com  esse descaso que estamos vivendo. Gestos difíceis para muitos. Deixar de assistir o VERDE E AMARELO no gramado? Talvez, através desse e de outros gestos o Gigante estaria se negando  a compartilhar com o que há de mais desprezível nesse país.   Acredito que a dor no peito seria bem menor do que essa que nos corrói  todos os dias. 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

SÃO PAULO: CAOS TOTAL

                                               



                Multidão nas ruas, policiamento ostensivo, gritos, choros, tiros, bombas, jornalistas – caos total. Em meio a tudo isso há os que não participam da passeata  -  os que desejam apenas voltar em paz pra  casa. Ainda no meio da passeata, há um número pequeno de pessoas que estão ali para fazer baderna; não estão ali pela causa. Resultado: inocentes machucados, injustiça cometidas e se no início a população fica do lado dos manifestantes; depois de certos acontecimentos, volta-se contra os mesmos.
                Aumento  de passagem de ônibus e de  metrôs.  A população clama por um transporte  mais confortável, mais segurança, profissionais aptos e o direito de ter mais linhas de transportes –   andam qual  ‘sardinha na lata’. Os governantes e empresariado dizem que não podem recuar. Para eles, o aumento é justo, que os vândalos merecem cadeia, etc. Povo sofrendo, empresários folgados, governo falando grosso, mas quando chega às eleições...  O quadro muda.
                Meu povo tem memória curta... Sofre, é pisoteado ‘feito sapo nas patas de boi’, leva borrifo de gás lacrimogênio no rosto, é recebido ou enxotado à bala de borracha. Porém, no dia  que em os ‘engravatados’ vão às ruas ou chegam a casa desse  povo, o mesmo só falta desmaiar porque ‘recebeu o excelentíssimo fulano de tal’; que por sinal, tem o hábito de prometer  ‘mundo e fundo’; desde que o tal povo vote neles. É beijo, é abraço, é sorriso – o cheiro do povo é ‘perfume francês’.
                Sou a favor da ordem. Detesto alvoroço, balbúrdia, invasão e destruição do alheio. Qualquer  tipo de violência me constrange a recuar, porém, há momentos que é preciso reivindicar, usar a voz para reclamar – afinal estamos numa democracia. Conquistamos esse direito, por esse motivo e pelas vidas que lutaram pra chegar aonde chegamos, devemos zelar por ele. Nunca esqueçamos que o meu direito termina quando o do outro começa.
                Lutemos, mas sem o uso da violência. Discordar é um direito adquirido. Para frente é que se anda.Busquemos melhoras para nossa vida, porém, cuidemos para não sairmos da trilha.




14/06/13

QUEM É IRRACIONAL AQUI?

                                                        
    As cenas não são corriqueiras, mas nem por isso deixam de ser chocantes. Quem se apresenta como ser pensante, que sabe decidir entre o bem e o mal, entretanto, age de forma cruel. Friamente maltrata e não sente qualquer tipo de arrependimento pelo que causa ao considerado "amigo do homem''.
    Outra cena triste apareceu no noticiário. Uma mãe ensina o filho de  três anos a maltratar um filhote de poodle. Ela também participa do espancamento e diz para o filho que essa deve ser a maneira ' correta' de tratar qualquer bicho que encontrar na rua.  Fico imaginando que tipo de adulto essa criança se tornará. Com certeza, não respeitará idosos, nem os mais fracos ou deficientes, tão pouco o negro. Os que não se enquadrarem na imagem que ele apreendeu sobre o mundo externo poderá ser no mínimo maltratado. Tudo que for diferente, deverá eliminado.
      Ainda apareceu na TV duas cenas tristes. Um homem arrasta um cachorro, e quando se encontra atrás de um arbusto, de maneira covarde espanca o animal até a morte. Na segunda cena, assistimos  um jogador, tentar jogar um cão para a arquibancada. Pecado do cão: ter tido a 'ousadia'de invadir o gramado (local onde dois times jogavam). A ação desse jogador enfureceu os jogadores de ambos os lados, dos  que assistiam o jogo e do juiz - esse com a  autoridade que tinha, expulsou o malfeitor.
      O que leva uma pessoa a agir dessa maneira?  Como pode alguém  encontrar prazer em  agir com violência em seres que não irracionais? Faltam respostas e sobram indagações.
      Enquanto isso, os animais permanecem gritando: HELP!HELP!HELP!


14/06/13


                                                       
                                                         
                                                           

quarta-feira, 12 de junho de 2013

MAIORIDADE PENAL

                                            



     Todos os dias a história se repete. Cenas de violência,onde se encontram de um lado, vítimas e do outro  menores que apesar de terem cérebros, não os usam para a prática do bem. Porém, eles sabem que o Estatuto da Criança e do adolescente lhes concede impunidade. Eles também têm a capacidade de cometer crimes hediondos, tais como: estrupo, homicídio, latrocínio, e outros. São infratores e devem responder por seus atos.
     Enquanto o problema só atingir o vizinho dos nossos representantes, estes continuarão fazendo 'ouvido de mercador'. Muitos dão como desculpas que o problema não está na mudança das leis, mas sim,em oferecer qualidade de vida aos acusados. No dia que o caminho de adolescentes agressores  cruzar com o caminho  de  representantes, e o resultado desse  encontro for o que se ver todos os dias nos meios de comunicação, então haverá mudança por parte dos que estão no Congresso.
     Sempre pensamos que o problema do vizinho não é o nosso. Estamos enganados. Quando meu vizinho é atingido, eu também sou atingida. Quando meu vizinho chora, seu choro passa a ser o meu também. Um dia ele estará sofrendo, num outro, o sofrimento adentrará em minha casa. Acorda Brasil!Chegou a hora de rever o pesadelo que estamos vivendo diariamente.
     Nosso sono não precisa ser apenas interrompido, mas precisamos chorar por nossas vítimas. São mais de sessenta mil mortos anualmente! Parece um quadro de guerra. Não esqueçamos que o sangue dos que tombaram nas mãos de menores infratores, clamam por justiça.

12/06/13

AMEAÇA À INFÂNCIA

                                                

       Já ouve época que as criança não eram vistas como mereciam.Negligenciadas, ignoradas, esquecidas, cada uma chegava à fase adulta milagrosamente; mas com feridas irreparáveis. Posteriormente,ocorreu uma mudança comportamental,onde  os pais e/ou cuidadores passaram a  olhar a infância  com visão totalmente divergente do passado nebuloso. Nas décadas de noventa em diante as crianças entraram num turbilhão onde passou a imperar as trevas, simbolizada na forma de: abusos sexuais, maus tratos, etc. É aí que, para horror de muitos, veio à tona uma história onde os personagens principais eram adultos com perversão e milhões de crianças e adolescentes vítimas de tais abusadores.
      Através dos meios de comunicação, surgiram relatos de vítimas que sofreram abusos e cujos molestadores eram pessoas que tinham contato próximo, tais  como: pais, irmãos, parentes,professores, vizinhos, médicos,e outros. Elas tinham um histórico cujo desenvolvimento psíquico  fora atropelado e cujas sequelas  incontáveis.
      A sociedade que dormitava, acordava para um pesadelo que parecia não ter fim. Vozes se uniram tentando minimizar os estragos, enquanto vítimas clamavam por socorro. Quem as ouviria?
      Perguntas feitas ontem permanecem bradando hoje. Haverá um amanhã onde abusadores terão consciência de que precisam ser tratados? Será que surgirá nas manchetes dos jornais a notícia: 'pedofilia, nunca mais'?
      Quero acreditar num amanhã aonde criança e adolescente terão seus direitos garantidos, tendo cada fase de vida  preservada, sorrindo sem serem molestadas. Quero acreditar que um toque feito por um adulto significará um gesto de carinho, sem erotização e malícia. Quero acreditar que este fenômeno social e criminal desaparecerá da face da Terra.
     Faço parte de uma voz que clama por dias melhores.Seja um dos que faz parte dessa multidão de zeladores por uma vida sem ameaça.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

FELIZ DIA DOS NAMORADOS

                                               

                                       ELA TEM O PERFUME  DAS FLORES;
                                       PERTO DELA TORNO-ME GIGANTE.
                                       MEUS OLHOS A SEGUEM AONDE  ELA VAI,
                                       SE ESTIVER LONGE, SINTO-ME  INCAPAZ.

ELE É MEU PAR EXATO;
FAÇO PARTE DE SUA HISTÓRIA.
QUE O TEMPO NOS PERMITA
SERMOS SEMPRE ENAMORADOS.

10/06/13

O BICHANO

                                                



PULO E ENROLO... ESPREGUIÇO-SE  SEM MEDO.
REVELO AS UNHAS, RECLAMO SEM  MOTIVO.
SE A RAÇÃO ESTÁ NO PRATO, QUE DELÍCIA!
SE NÃO ME DÃO COLO, EU GRITO.

FUJO DE BANHO E  DE CHUVISCO.
ADORO ESCONDER-ME NOS ESTREITOS,
E SE FICO ENTALADO, DOU UM ESPIRRO;
SOU MAROTO, MACAQUITO.

CHAMAM-ME DE FANNY. NEM LIGO!
INDEPENDENTE, SOU, E DAÍ?
NA HORA QUE QUERO FUJO PRO ‘PICO’;
NO APERTO, VOLTO A DORMIR.

NEGO MINHA FAMA. CAÇADOR?
NÃO, NÃO E NÃO! A HORA
É DO BESOURO  E DO GRILO. QUE BICHOS!
HUM!!! DEVORO SEM DEMORA...


10/06//13 


quinta-feira, 6 de junho de 2013

BOLSA DE LIVROS



 PREPARANDO-ME PARA VIAJAR. CHECAGEM PARA VER SE TUDO ESTAR EM ORDEM E AÍ, ACREDITANDO QUE OS LIVROS QUE COLOQUEI NA BOLSA SÃO POUCOS,  ENCARO UMA CORRIDA À PROCURA DE UMA SACOLA, ALI VOU COLOCANDO MAIS TESOUROS. PARECE COISA DE QUEM TEM UM PARAFUSO A MENOS, MAS  É ALGO QUE ME DEIXA RELAXADA E FELIZ, PORQUE SEI QUE NA HORA QUE DESEJAR POSSO ESCOLHER, E DELICIAR-ME COM ITALO SVEVO, CLARICE LISPECTOR, ANA BEATRIZ B.SILVA, JULIO CORTÁZAR.


QUANDO REGRESSO ENCONTRO UM AMIGO QUE FICARA RESPONSÁVEL PARA RECEBER UMA ENCOMENDA. NADA DE SEGREDO:  MAIS UM LIVRO.

NOVAMENTE O SERTÃO

                                                         
                                                       

Ontem vim do Recife para o alto sertão. Essa visão que está acima é a que encontro em questão de minutos.É jumento, cavalo,  bode, ovelha, raposa, e outros animais pequenos. Ao lado da pista, a cena é macabra. Soma-se aos atropelados os que morreram de fome e sede.
Século da modernidade e das grandes descobertas científica;tecnologia explodindo em questão de horas, e o descaso por coisas que já deveriam ter sido abolidas, resolvidas, evitadas permanecem acontecendo.
Numa dessas viagens que fiz, fiquei traumatizada. Um acidente com um ônibus, um carro pequeno e um amontoado de carne que sinceramente não dava para identificar se era carne humana misturada à carne animal. Apenas vi seis patas naquele monte de carne sangrenta. Segundo o relato de um dos espectadores, uma cabeça de um cavalo foi arremessada a metros de distância, somente sendo encontrada dias depois.
Sinceramente, viajo porque preciso, mas todas as vezes que entro no carro não sei se vou voltar com vida.

SUPER NANNY

                             

Discordo  quando surge um programa que realmente tem conteúdo, que apresenta resultado e muitas famílias podem tirar lições para colocar em prática no cotidiano, surgem vozes  que discordam do trabalho  apresentado e ainda acham que os prejuízos são muitos e que ninguém pode fazer milagre, já que o mesmo é imediatista.
Discordo. O que vemos em cada programa é o mesmo ambiente doentio das salas de aula, em outros locais públicos ou privados. Nossos pequerruchos estão sem limites e os gritos dos pais que reconhecem tal fato é  uma descida catastrófica que se encontra a geração de amanhã.
Discordo da maneira violenta que alguns pais 'educavam' décadas atrás. Porém, percebe-se que antes era mais fácil ouvir um 'com licença, por favor, obrigado (a),bom dia, boa tarde, boa noite',etc. As cães eram respeitadas, ninguém entrava sem  receber permissão, os assentos eram cedidos aos mais velhos e deficientes... Eram pequeninos gestos que nada custavam, mas que faziam a diferença.
Discordo quando os pais chegam a confessar: ' não posso mais com meu filho." E a criança em questão tem apenas dois ou três anos de idade.
Deixemos Super Nanny exercer o que sabe fazer, porque disciplina começa em casa.