quinta-feira, 23 de maio de 2013

A DOR DO SERTANEJO




www.adep-itz.org
professormarcianodantas.blogspot.com


Por motivos superiores estou morando no mais alto sertão de Pernambuco. Dez horas de viagem, calor insuportável, água é coisa rara e o custo de vida altíssimo. Ainda custo acreditar,  mesmo sendo nordestina, que ingenuamente aceitei àquilo que me empurraram goela abaixo: o sertão está virando mar.
Outra realidade que tenho a   infelicidade de contemplar todos os dias é: animais mortos por causa da seca,o uso de água de barreiro para consumo humano, hospitais abarrotado de pessoas com desarranjo intestinal por causa da água contaminada, cidadãos carregando água utilizando jegues, salário miserável que precisa ser complementado com caça, animais que estão na lista vermelha sendo caçados para aliviar a fome de uma população jogada às traças.
A conta d’água não erra de endereço. O valor não baixa. Na torneira não há água. Um carro pipa custa R$ 320,00. O pobre contenta-se em receber 200 litros por semana( quando tem). Banho nem pensar. É luxo pra ser colocado em prática uma vez ao dia e deixando a água cair  numa bacia para ser reaproveitada em outras atividades, por exemplo: lavar calçada, banheiro, etc.
Doi perceber a passividade do povo, que concorda com tudo e assim vai vivendo, sem sonhos, sem expectativa de dias melhores, enquanto isso, nossos representantes enchem os bolsos e vão vivendo na era do ouro. Nas escolas municipais começaram as aulas, mas não há merenda. Nem tão pouco, pausa para descanso. As faculdades estão distantes( inconcebível pensar estudar enfrentando perigos na estrada e passagem alta),  as que decidem encarar oferecem aulas apenas nos finais de semana (  duas vezes ao mês).
Assaltos são motivos para piada. Rico e pobre não  escapam. Os caminhos de fuga são verdadeiros labirintos. A polícia tenta, mas para o poder de  fogo dos marginais nem chegam perto. O jeito é baixar a cabeça e chorar.
Choro pelo pai de família que vai trabalhar, mas não sabe se volta porque no meio do mato há gente de ‘tocaia’ para tomar a motoca. Choro  pelo ancião que vai receber seu aposento e na fila quilométrica é alvejado. Choro pela criança que é levada ao hospital  cujos funcionários estão  dormindo e por isso, as portas do prédio estão cerradas. Choro pelo número incalculável de animais mortos à beira da estrada. Mortos pela seca, pelos carros, pelas doenças, por maus tratos e abandono. Choro porque em pleno século XXI ainda posso contemplar o que os poetas da terra contavam em versos as mazelas dos retirantes.
09/03/2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO!

recadosonline.com

Chegaste fora dos ‘cálculos’,
Os médicos te desenganaram,
Mas o amor que te embalou
Anos de vida te acrescentou.
Assombraste a medicina,
Um berço não foi tua cama.
Teu soninho de bebê
Foi bem preparado
Numa caixa de sapato
Recheado de algodão.
Tudo observado
Para  te poupar
De qualquer ‘souprão’.
Vencido o prazo
Grande foi a festança.
Reunida à família
Que pequena não era,
Bolo,Crush, Fanta, Fratelli,
Brigadeiro, beijinhos,
E, cheias as panelas.
Sem geladeira...
O jeito era improvisar.
Encham toneis de garrafas,
E, não deixem faltar,
O gelo em barra!

Cadê o fotógrafo?
Façam pose e digam Xis!
Chamem a avó da menina
E as tias também.
Apertem mais,
Mais um pouquinho!
Todos sairão no quadrado?
Haja paciência...
Pra fazer tanta pose!
Tudo foi registrado?
A vela já foi apagada?
Quero um beijinho
E também um abraço.
A menina tá ‘agoniada’,
Abram espaço!
Quem  agora vai cortar
E dividir tudo com jeito?
Que ninguém saia dizendo:
Eu não tive direito!
Depois de tanta foto,
Muitos de olho no bolo,
É hora de se banquetear,
E o calor espantar.
É...
Crescestes botãozinho,
E uma linda rosa  apareceu.
Hoje te parabenizo,
És presente dos céus.
Digo nesse espaço:
Sou feliz porque tu existes,
Princesa de Deus.


Pra você mana, com todo amor.

20/08/12


FOLHA E PAPEL






Peguei  a folha de papel,
Enchi cada espaço
Como se minha vida
Dependesse desse ato.
As letras no início formosas
Foram ficando tortas,
Debilitadas, esmaecidas,
Sem vida. Pálidas.

Olhei ao redor,
Senti a desesperança,
o latejar da saudade,
Desisti da empreitada.
Rasgando a folha
Cuidadosamente,
Raivosamente,
Fazendo tudo em pedaços,
Deixei uma mensagem,
sem esperar resposta.
19/07/12

IDIOMA INTRADUZÍVEL





Adormeci com uma lágrima  
Que descia arredia.
Sinalizando silenciosa,
Uma dor teimosa.

Por fim, o sono veio
O cansaço de recheio.
Nessa noite pude enxergar
O sonho naufragar.

Amanhã deu às caras
Escondo minha cara.
Da vida desconheço
Ignoro o apreço.

Assisto de telão
Sofro de montão.
A verdade é crua
Sofrida e nua.

Justiça cega? Que nada!
Balança aprumada?
Só no maço de papéis
E por trás dos anéis.
Juiz, advogado,
Júri, populacho,
Gritam: Não!
Em vão...

16/03/2013








A ÁRVORE SECA


culturamix.com


OBSERVO AS ÁRVORES QUE PERDERAM AS FOLHAS;
ESTÃO TÃO FEIOSAS, QUASE SEM VIDA.
O SOL RESSECOU, SUGOU, QUEIMOU;
DEIXOU SUA MARCA. TUDO ESTÁ DESERTO.

TODO ANO O CICLO SE REPETE,
MAS ELAS INSISTEM, RESISTEM,SOBREVIVEM.
NÃO SE OUVE OS PÁSSAROS, AS CORES SE FORAM,
TUDO ESTÁ TÃO APAGADO. TUDO É SEQUIDÃO.

DESCUBRO UMA MINIATURA
ALGO QUE SUPORTA O ARDOU.
É UM GRAVETO CHAMUSCADO
OU UMA MORTA QUE RESTOU?

 PEQUENA ÁRVORE QUE O CLIMA MINOU.
FOI FERIDA, FOI QUEBRADA. TUDO SUPORTOU.
 ACREDITANDO NOS DIAS CHUVOSOS,
 NOVAS ROUPAS VIRÃO. SENTIR-SE - Á RENOVADA.

24/08/12



PEDRAS PRECIOSAS


http://www.aigrejaprimitiva.com/



No dia a dia, sob olhares vigilantes,
Elas passam despercebidas e invisíveis. 
São mudas ou perderam a voz?
Nenhuma coisa nem outra,
Estão ocultas porque são
Apenas, mulheres.
Ali não são almas gêmeas,
Nem tão pouco conselheiras.
Não podem mostrar o sorriso,
Nem ser cúmplices ou companheiras.
Uma e duas... Quatro e cinco.
Entram sorrateiras,
Sedentas ou famintas,
Buscam com ânsia as letras
Tirando o véu que aperta,
Machuca, sufoca.
Inocentes, brilhantes,
Pedras brutas ou diamantes.
Mostram o rosto
Quais rosas em fileiras.
Abraçam o que lhes é negado:
Voar por entre as páginas
Que transpassam as fronteiras.
Ter acesso a instrução
É dever no mundo inteiro?
Porém, ainda há lugar,
Que condena o livreiro!

20/08/12






A JARDINEIRA





Ah, quando me deparei com aquela jardineira!
Dia ímpar...  Começo de uma história.
Na mesma hora percebi,
uma semeadura  sem glória.

Lançando teus grãos sobre a terra
Ávida por contemplar novos brotos.
Repartes tua essência,
Sem temer o dia novo


Que sede de aprender!
Sede constante, dessas que não passam...
Mesmo se  conseguisse engolir
Toda água que há do mundo.




PÁTRIA DOS LOUCOS






Cada vez que ia visitá-la, trancava seus sentimentos. Ou será que eles é que tinham o poder de deixar-lhe sem o sentir? Aqueles vultos andavam como sonâmbulos. Parecia que não existiam. Nunca sairiam daquele torpor? Enquanto àquele quadro vinha à tona, a menina escondida, esquecida, encolhida, olha àquela cena, com horror, mas sem encontrar resposta.
Entrar naquele lugar requeria mais do que nervos de aço, coração de ferro, mente entorpecida. Só existiria vulto nesta nação? Deslocada, a menina ouve o pedido de um  coração que implora: - Tirem-me daqui! Ainda hoje ouve esse grito. De alguém tão especial Que não controlava seus fantasmas, por isso estava trancada, com outros vultos, todos desconhecidos.
O que poderia fazer? Perguntavam-se constantemente. - Por que levavam essa criança para aquele lugar tenebroso? É que ela insiste em ir contemplar aqueles rostos! Por isso tantos gritos, e pesadelos. - Não façam isso, deixem-na em paz! Não acabem com sua infância! O que eles não sabem é que a menina tudo ouve, tudo entende. E conversando com seu coração, responde: - Minha infância já foi triturada naquele primeiro dia que vi aquele vulto por trás das grades.

terça-feira, 21 de maio de 2013

MORTOS SEM ROSTOS


coluna77_desenho_cemiterio_velho.jpg



ELES ESTÃO POR AÍ; EM QUALQUER ESQUINA, VIELA, ENTRONCAMENTO,
MATAGAIS, LIXÕES, ENTERRADOS, QUEIMADOS, ENSACADOS, EM REGADOS.
DESPERCEBIDOS... MAS UM DIA,NAS TELAS SÃO APRESENTADOS.
NUNCA FORAM ENDEUSADOS EM VIDA, HOJE, PUTREFATOS, SÃO FILMADOS.

DE GOTA A GOTA SÃO CEIFADOS, ESQUARTEJADOS, IGNORADOS.
ESCOLHERAM OU FORAM ESCOLHIDOS? NOS MORROS, NAS FAVELAS,
NOS SUBÚRBIOS, NOS ENTULHOS. SÃO ANÔNIMOS. ESTRANHOS?
ATÉ QUE UM DIA A ‘BOMBA’ EXPLODE. SACODE.

A GENTE ASSISTE E PENSA QUE SÓ ACONTECE COM OS OUTROS.
HOJE FOI COM FULANO, AMANHÃ SERÁ COM BELTRANO.
ENQUANTO ISSO, MUITOS PARTEM E APENAS,
FAZEM PARTE, DE MAIS UMA LISTA.

DO OUTRO LADO DA MOEDA, PARTE O TRABALHADOR,
A CRIANÇA, O JOVEM, O SONHADOR, O VELHO, E O DOUTOR.
POR CAUSA DE UM CELULAR, DE UM PAR DE TÊNIS, UMA MOCHILA...
DA MOTO RECÉM-COMPRADA, QUE NEM HAVIA SIDO PAGA.

A BOLSA QUE ESTAVA VISÍVEL – NO CARRO,
UM BRAÇO INVADE E ATIRA QUERENDO.
ELA (E) NEM REAGIU! UM SUJEITO MATOU.
A POLÍCIA PEGOU? CLARO! ESTÁ SEMPRE DE PRONTIDÃO.

MAS, E O MALANDRO FOI PRESO?QUAL FOI SUA PENA?
É MENOR DE IDADE, VOCÊS JÁ SABEM. A HISTÓRIA SE REPETE,
A LEI DÁ DIREITO. DAQUI ALGUNS ‘SEGUNDOS’
ELE ESTARÁ NA RUA PRA OUTRAS VIDAS CEIFAR...

OU ENTÃO ACONTEÇA: UM DEDO NO GATILHO,
NUM SEGUNDO PONHA FIM. ERA EU OU ELE!
MAIS UM MORTO SEM ROSTO QUE, INFELIZMENTE,
NOVAMENTE, A ESTATÍSTICA ABRAÇOU.

28/08/12

A CORRIDA



Tens que lutar,
Continuar tentando.
Desistir é aceitar com passividade,
Mereces mais do que isso.
Precisas  atingir o topo,
Ainda há sinais do esforço,
...Sangue a correr das feridas,
Suor a correr salgado, insistente,
Causados pela escalada,
Quase... Vertical.
Que é isso que ouço?
Não podes? Não consegues?
Não há mais tempo?
Os sonhos morreram?
A  noite é chegada?
Não posso -  dize-me.
Não sei mais lutar.
O que sei, é:
Desejo
Continuar,
Bem viva.

Essa corrida não é para quem:
Chega primeiro,
Nem tão pouco desisti.
Usando  artifício,
Mascarando o imascarável.
Ela é,
Para aquele que,
Insisti,
Não desiste,
Ainda canta,
Encantando
Com encanto.

18/07/12

segunda-feira, 20 de maio de 2013

PÁTRIA DOS LOUCOS


pensamentoslucena.blogs.sapo.pt


Cada vez que ia visita-la, trancava seus sentimentos. Ou será que eles é que tinham o poder de deixar-lhe sem o sentir? Aqueles vultos andavam como sonâmbulos. Parecia que não existiam. Nunca sairiam daquele torpor? Enquanto àquele quadro vinha à tona, a menina escondida, esquecida, encolhida, olha àquela cena, com horror, mas sem encontrar resposta.
Entrar naquele lugar requeria mais do que nervos de aço, coração de ferro, mente entorpecida. Só existiria vulto nesta nação? Deslocada a menina ouve o pedido de um  coração que implora: tirem-me daqui! Ainda hoje ouve esse grito. De alguém tão especial Que não controlava seus fantasmas, por isso estava trancada, com outros vultos, todos desconhecidos.
O que poderia fazer? Perguntava constantemente. Por que levar essa criança para aquele lugar tenebroso? É que ela insiste em ir contemplar aqueles rostos! Por isso tantos gritos, e pesadelos. Não façam isso, deixem-na em paz. Não acabem com sua infância. O que eles não sabem é que a menina tudo ouve, tudo entende. E conversando com seu coração, responde: Minha infância já foi triturada naquele primeiro dia que vi aquele vulto por trás das grades.

12/08/12

CATADORA NA VIDA






ABRO AS PORTAS DAS LEMBRANÇAS,
PORÉM, ME OCULTO ATRÁS DE UM VÉU.
DEEM-ME O DIREITO DE ESCOLHA
E SABEREI REVELAR O QUE GUARDO
ÀS SETE CHAVES, EM SETE PORÕES,
NUM PEITO MARCADO.

AS PALAVRAS SÃO LIMITADAS,
FRAGMENTADAS, ESPALHADAS,
QUAL QUEBRA-CABEÇA, LANÇADAS.
PEGUEM-NAS OU AS DEIXEM ESCAPAR.
NÃO ME CABE SABER O QUE LHES IMPORTA,
DECIDO POR FIM ME RESGUARDAR.

QUANTAS LÁGRIMAS CHOREI,
QUANTOS SONHOS QUE SONHEI,
PESADELOS QUE VIVI
E ANSEIOS QUE ENTERREI.
NEM FORTE, NEM COVARDE.
 SOU APENAS EU, QUERENDO CHEGAR.

MIL VEZES, NÃO TIVE ESCOLHA,
OUTRAS TANTAS, RENEGADA AO LÉU.
SE TOMBEI OU  ME ARRASTEI,
O QUE IMPORTA?
HOJE ESTOU AQUI...
AMANHÃ... É OUTRA HISTÓRIA.

13/03/13
ÀS 20:09hs.



A MENDIGA


 As pessoas apressadas fingiam não ver a figura que ia de um lado para outro com as mãos estendidas na tentativa de ganhar uns trocados.
Aquela figura cheirava mal a metros de distância.  Será que alguém por um segundo sequer chegara a questionar a história  e  sentimentos daquela mulher?
Magérrima. Molambuda. Pele enrugada, descamando e cheia de creca. Cabelos emaranhados, opacos, ensebados e endurecidos pela falta  de asseio.

Muitos ao avistá-la atravessavam a rua numa clara tentativa de evitar o contato e o cheiro horripilantes.
No fundo, aquele vulto era a materialização do que se tentava evitar. Representava, entre outras  coisas: a vergonha, o medo, a tristeza, o horror, a solidão.  Desigualdade social, reveses da vida, escombros,  decadência, filhos de uma sociedade enferma.

Outros, alheios aos  que caminhavam ao lado. Com tempo apenas para o sonho de prosperar, avançar, escalar. Esses anteviam o horizonte cor de rosa, símbolo de mesa farta, carro do ano – de preferência importado; roupa de marca, joias que ostentem a ascensão social...
Enquanto isso, lá na Ponte de Ferro, a mendiga permanece  incomodando os transeuntes.

30/03/2013                                       foto: flickriver.com

DORME MAMÃE



Enquanto a mamãe jaz dopada,
Uma filha tudo observa, calada.
O rosto encovado, sem brilho,
Vida marcada, trancada.
Acariciando aquela que jaz
No leito...dia após dia.                  
Sentindo-se incapaz,
Lamenta em agonia.

Cabelos mesclados,
Que renegam:
Pente, escova,
Cuidados e afagos.
Oh, que fardo!                              
Queria dizer tanta coisa,
Porém, mamãe não escuta.
Inclinando o corpo
A filha sente o cheiro
Daquela que um dia
Foi um mourão.
Beija-lhe o rosto
Marcado,
Talhado,
Encovado.
Uma, duas...
Nenhuma reação.
Três, quatro...
Um suspiro
Ouve, então.
A mamãe abre os olhos
Enevoados, sonolentos.
Pergunta:  Quem é?
Sou eu. Estou partindo.
Responde com voz embargada.
Beijando a pele enrugada,
Sente o odor de limpeza.
Que surpresa!
Há muito mamãe foge do banho.
Que estranho?
Será a ultima vez...
Vê-la-á à mesa?
Há incerteza de um amanhã.
A mãe fica dormindo.
A filha parte ocultando,
Do mundo, seu pranto.




08/08/12guiavv.com





QUE FAZES AÍ?



icoenoticia.com                                     portalzonanortenoticias.blogsp
Que fazes aí, bichinho?
Toma jeito,  tua história vai ser triste.
Uma batida violenta te arrebenta,
Outras vidas serão  ceifadas. Que pena!

Veja que aconteceu com teu primo,
Tá ali, apodrecendo, sem as ventas.
Uma carreta lhe deu uma beijoca
E sua jegue foi morar com a sogra.

Os urubus, bicho açougueiro,
Até pensa se vale a pena:
Comer  paçoca na pista
Ou  ficar sem as penas à vista.

09/03/13


VIOLÊNCIA EM TODOS OS TEMPOS



Atualmente não temos mais a escolha de assistir ou não uma cena que nos deixa sensibilizados. A violência está presente nas ruas, entre quatro paredes, entre nossos representantes, etc. Ela não mais se esconde.
No período colonial, suas maiores vítimas eram as mulheres, adolescentes, crianças, negros, mulatos e índios. Hoje, ela não mais escolhe, mais do que isso, estende seus  tentáculos  alcançando ricos e pobres, brancos e negros, gordos e magros. Somos reféns, e cada dia mais nos enjaulamos, temerosos de cairmos na sua malha fina.
Para quem apelaremos? Quem nos defenderá? A impunidade impera, a Lei escancara suas presas aos menos favorecidos, e abraça com benevolência os que podem encontrar brechas através de seus ardilosos advogados.
Brasil, Terra dourada, Terra de verdes campos, rica em rios acorda para a verdade! Teus filhos, teus verdadeiros filhos estão morrendo aos poucos e outras vezes aos montões. É correto afirmar que somos um povo pacato, mas até onde vamos suportar essa lei caduca e infame que deixa um rapaz - que sabe discernir sua mão direita da esquerda- impune, de ficha limpa, simplesmente por  ter ‘apenas’ dezessete anos? Ele sabe atirar, ele sabe escolher entre trabalhar ou roubar, entre o comer ou ficar com fome...
Acorda Brasil!
É verdade que não adianta jogar os que cometem delitos em buracos fétidos e superlotados, mas quem conhece as leis e já convive com esses infratores sabe o nível de periculosidade de cada um e tem cabeça para pensar que se não for tomado uma posição diante do que presenciamos, o caos estará formado em pouco tempo e aí, não se salvará nem gregos, nem troianos. À hora é agora.

06/07/12

MÃES DA DOR


               



       O MUNDO NÃO RELATA. TAMBÉM NÃO HÁ ESPAÇO PARA ESSE TIPO DE INFORMAÇÃO. GERALMENTE A NOTÍCIA QUE VENDE, É ÀQUELA QUE FALA DAS CELEBRIDADES. QUEM TRAIU QUEM, QUEM CASOU, ENGORDOU, EMAGRECEU, MUDOU O CORTE DE CABELO, ADQUIRIU MANSÕES, FOI PASSAR FÉRIAS EM PARAÍSOS, E POR AÍ VAI...
ENQUANTO ISSO, POR ESSES RECANTOS ESQUECIDOS ACONTECE O INACREDITÁVEL, E É SOBRE UM DELES QUE VENHO AQUI CONTAR.
                NA CHINA, EM TANGSHAN, DURANTE UM FORTE TERREMOTO, MILHARES DE VIDA SE FORAM. DIANTE DA DOR DE PERDER A FAMÍLIA INTEIRA  TRAGADA PELA TERRA QUE RUGIA E ESTREMECIA, MÃES DECIDIRAM ENFRENTAR A DOR PASSANDO A ACOLHER OS ÓRFÃOS DESSA CATRÁSTROFE, CUIDANDO E AMANDO-OS ATÉ O FIM. ESSAS MÃES ARCAVAM COM TODAS AS DESPESAS E ERA ALI, NAQUELE ORFANATO SIMPLES E ACOLHEDOR, DEZENAS DE CRIANÇAS ENCONTRARAM O AMOR.
                MUITAS DESSAS MÃES PASSARAM A VER SENTIDO NA VIDA POR CAUSA DAS MINIATURAS DE GENTE QUE ESTAVAM AOS SEUS CUIDADOS. ALGUMAS CHEGARAM  A ADMITIR QUE TINHAM QUE SUPERAR  SUA DOR, PORQUE PRECISAVAM PREPARAR O CAMINHO PARA OS ÓRFÃOS. SEGUNDO ESSAS MÃES, ELES (OS ÓRFÃOS) TERIAM QUE APRENDER, CONSTRUINDO A CADA DIA, PARA DEPOIS SE APRESENTAREM DIANTE DOS SEUS VERDADEIROS PAIS, COMO HOMENS E MULHERES DO BEM.                                                             ACHEI ESTA HISTÓRIA COMOVENTE, MAS QUE NÃO DEIXA DE TRAZER UMA LIÇÃO DE VIDA PARA CADA UM DE NÓS.